quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

saudade

Ali estava ele, em pé no meio da luz que a areia refletia da lua cheia estampada em frente ao mar, e ali estava ela, sentada próxima a espuma das ondas que quebravam próximas as pedras. Ela estava de olhos fechados, apenas sentindo a luz da lua encontrar seu corpo bronzeado e iluminando suas poucas lágrimas derramadas. Ele estava descalço, e sentindo a areia fina lixar seus pés, se aproximava daquela mulher que exibia timidamente seu corpo para o doce luar. Ela sentia seus passos, abriu os olhos, e ali estava ele sentado à um metro de distância dela. "Você esta bem?" ele disse com a voz mais doce do mundo, ela apenas sorriu, e voltou-se a olhar a lua. O tempo foi se passando e eles não trocaram uma só palavra, ela continuava a admirar a lua laranja em sua frente e ele continuava a observar a beleza estampada no rosto delicado daquele pequena conhecida. Em minutos estavam mais próximos que de princípio. Suas mãos se encostaram e seus dedos entrelaçaram, ela se assustou, ele riu, os dois sorriram. Ela ficou envergonhada, ele continuou a sorri. Ele tinha 25 e ela já quase 17. Ele tinha olhos azuis e grandes, ela olhos verdes quase da cor do mar. Ela com cabelos longos e loiros, e ele com seus cabelos castanhos e curtos, sua pele branca fazia um perfeito contraste com a pele queimada de sol que ela refletia com a luz daquela noite.
Ela permanecia sem dizer uma sequer palavra, e ele já não quis fazer mais perguntas. A praia estava vazia, apenas os dois estavam ali. O silêncio da noite era quebrado pelas ondas fortes que tocavam os pés dos dois desconhecidos. Ele usava casaco e ela se arrepiava ao sentir o vento frio tocar em seu corpo. Ele a abraçou forte, ela voltou a chorar, e abraçou-lhe de volta. Ela sentiu um arrepio mais forte, algo que tocava seu coração de uma forma tão única, algo que não acontecia a alguns cinco anos. Ele sentia o mesmo durante aquele abraço. Ela derramou mais algumas lágrimas e ele as enxugou. Ele a olhava nos olhos e ela pouco enxergava por conta da água que acumulava em seus olhos. Ele tinha um respiração profunda e tão dele que logo era reconhecida por poucos privilegiados. Ela deitava em seu colo enquanto ele dizia "eu estou aqui, e nunca vou deixar de estar", ela sorria com o canto da boca enquanto sentia o gosto salgado das lágrimas de saudade que chegavam a sua boca. Ele a segurava pelos braços como se estivesse cuidando de uma criança frágil, e ela observava cada traço de seu rosto ainda intacto. A noite já havia se tornado dia e o sol os presenteavam com sua estonteante luz sobre o mar. Eles sorriam um para o outro no grande silêncio da vida ali em volta dos dois, um silêncio tantas vezes desejado pelas pessoas e tão pouco presenciado. Um silêncio que toca a nossa alma, um silêncio que nos faz abrir um largo sorriso no rosto independentemente do sofrimento que estamos passando. O silêncio tomou conta dos dois sentados ali na praia. Ele dizia que ela seria sempre sua pequena, e ela dizia que ele seria para sempre o seu Dudu.
Ela foi fechando os olhos mais uma vez, ele continuou ali com ela. Ela acordou logo depois em seu quarto, a respiração dele não estava mais ali, seu sorriso já não estava ali, sua vida não estava mais ali, ela sorriu pois sabia que ele estaria sempre aqui.

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