terça-feira, 14 de dezembro de 2010

sorriso

O relógio desperta, sete e meia da manhã, o céu está lindo, algumas partes nubladas, mas continua lindo, pois sabia que a tempestade havia acabado. Os pássaros cantavam diferente essa manhã, tudo parecia diferente, até mesmo as cores das folhas das árvores. Eu abri os olhos vagarosamente com um sorriso meia boca no rosto, eu também estava diferente aquela manhã, aquele dia que era pra ser como qualquer outro, nesse, tudo mudou. Comparava aquelas nuvens no céu como minha alma, que acabara de passar por uma atormentada tempestade longa, sem previsão para acabar. E que sem ao menos perceber, acabara num simples fechar de olhos no objetivo de descansar daquele dia tão difícil.
Ao abrir os olhos de manhã descobri que nem tudo o que queremos acontece, porque pode não nos fazer bem. Descobri que amar é muito bom, e não importa se é correspondido ou não, o sentimento é maior que a tristeza. Entendi que precisamos passar por momentos difíceis, para começarmos a valorizar um pouco mais a vida que é dada com tanto carinho por Aquele que nos ama tanto. Nesse momento que pensava em tudo isso, levanto-me da cama onde estava deitada com preguiça de viver, firmei meus pés no chão frio e caminhei até a janela de vidro que deixava escapar um feixe de luz pela cortina. Com a mão, abri uma parte da persiana com os dedos e observei o dia, o céu, as pessoas que passavam por ali. Homens e mulheres cansados de ter que acordar cedo todos os dias para mais um dia de trabalho exaustivo, mas que mesmo assim, não perderam a força para continuar vivendo. Via-me no meio dessas pessoas, mas além da força de vontade de querer continuar vivendo, via-me carregando um grande sorriso no rosto, vejo-me uma eterna garotinha, aquela que sai pela rua pulando, correndo e rindo das coisas da vida, vejo-me amando o mundo, e cada membro dele. Noto que ali, naquele momento eu era feliz, cheia de luz e cor, e descobri que era aquilo que eu queria pra mim, viver sem me importar com o que os outros vão pensar ao meu respeito, apenas viver e deixar as coisas acontecerem naturalmente e ser eu mesma sempre! Sendo feliz.
Nesse momento, voltei-me para o meu quarto e fui andando lentamente em direção ao espelho, olhei-me e vi uma garota quase mulher, coberta de maquiagem escorrida por causa das lágrimas derramadas anteriormente, com o contorno negro dos olhos azuis. Ao ver aquela pessoa estranha que refletia quem eu era, corri em direção ao banheiro, tranquei a porta, e tirei o pijama que vestia. Virei-me para o espelho em frente a pia, subi na privada e observei cada traço do meu corpo, usava uma causinha short, na qual não parca o corpo e era confortável para dormir, passava os olhos pela barriga que não era a que eu queria, pelos braços que não eram os que eu queria, pelas pernas que não eram as que eu queria e abri um grande sorriso. Desci e entrei no box ligando a água fria, olhava para cima observando as gotas de água caírem no meu rosto, espalhando pelo corpo que é meu e ria, ria da vida, das pessoas, de mim... Ria do mundo! Ria porque não tinha motivos para chorar, ria porque percebi que aquela era a vida que eu sempre quis, e ria dos erros que cometi, pois lamentar-me por eles eu não ia fazer mais, pois se hoje sei que errei é porque acertei depois, ou sei como acertar. E ri mais ainda porque percebi que a vida é pouca, mas pra mim... pra mim é muita.

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